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Comprimidos Férricos. Arte digital

Após uma pausa do árduo trabalho para completar aquelas lacunas orçamentárias do último mês com justificativas jurídicas pouco adequadas, Samantha e eu fizemos uma pausa para um café e um punhado das bolachas velhas do pote em cima da geladeira da copa – Acabei precisando daqueles comprimidos férricos; parece que estou tendo algum ataque interno. Meu corpo parece querer matar-se – terminou sorrindo, deixando uma atmosférica irônica que permeou toda a sala. Naquele instante, cogitei estender o assunto; pontuar que meu corpo também parecia querer matar-me, mas também proteger-me dele mesmo. Não importando a quantidade de comprimidos férricos eu tomasse, ou quaisquer que fossem sua composição. Os sintomas de Samantha eram visíveis: sua dor ecoava nos colegas de trabalho e também fazia sua pele, com pequenas manchas características.
Mas as minhas também as faziam. Não ecoavam por gritarem alto como fazia a pele dela, mas pareciam — pelo menos para mim. 
Como poderia tamanho barulho não ser ouvido pelos arredores? Como este incomodo era presente só no meu peito? 
O corpo de Samantha a matava e o meu também.
Comprimidos Férricos. Arte digital
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